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O
liverpudliano James Paul McCartney detém um dos mais altos títulos de
nobreza da Grã-Bretanha: Sir. Um cavalheiro. O mesmo título ostentou
Lancelot, tão lendário quanto o próprio Rei Arthur.
Apesar do título de nobreza, Paul McCartney se comporta como um mortal. Simpático, alegre, simples.
Em
sua passagem pelo Nordeste, especificamente por Recife, causou boa
impressão em fãs que foram vê-lo pela primeira vez. E, diga-se de
passagem, não eram só pernambucanos se acotovelando no estádio do Arruda
para assistir um dos maiores espetáculos musicais da Terra, na
atualidade. Nada disso! Pessoas do Brasil inteiro estavam lá: jovens,
adultos, melhor idade, e, interessante, adolescentes e crianças...
Causa
boa impressão principalmente por respeitar o público, fazendo um show
de quase três horas de duração, sem firulas, interagindo com a plateia e
arriscando frases inteiras em português. “Povo arretado!”, disse Paul,
arrancando aplausos da multidão.
Um
dia antes, o cantor Chico Buarque – que se apresentará no Centro de
Convenções por quatro dias – não passara de um simples boa noite, como
testemunhou o jornalista Carlos Santos e seu amigo (e agora meu também!)
Hélio Silva. E olha que o avô do Chico era pernambucano. Excelente
compositor, Chico simplesmente não cantou suas principais canções,
aquelas que embalaram gerações; aquelas, justamente aquelas, que
encantaram os brasileiros e fizeram dele o que é hoje: um mito da Música
Popular Brasileira (MPB).
Logicamente
que poderíamos traçar as diferenças entre os shows em análise aqui e as
diferenças seriam gritantes, mas, “trocando em miúdos”, o velho Chico
bem que poderia ser um pouco mais atencioso com seu público, brasileiros
como ele, conterrâneos de seu vôzinho.
Vem
Paul McCartney de longe (lá da “baixa da égua”, como dizemos aqui no
Nordeste, e menciona o nome de Luiz Gonzaga e diz “cabra da peste” numa
frase. Sei que isso faz parte de seu marketing, mas isso é parte do
show, atitude de um entertainer que é Sir Paul McCartney, que
faz questão de conversar com o motorista para aprender mais palavras em
português, que não se furta a apertar mão de soldados, contínuos e
camareiras e, claro, fãs. Que antes de entrar no carro, acena para um
público boquiaberto e barulhento em frente ao hotel ou na chegada no
estádio.
Se um artista brasileiro quer conquistar a platéia, deveria se comportar como o Macca e sair de um pedestal que não existe.
“Não
vi o show de Chico e não gostei”, como disse sabiamente o meu mais novo
amigo Roberto, irmão do Hélio Silva, que mora em Igarassu, na grande
Recife, onde fiquei hospedado. Esse foi meu sentimento também. E
Roberto, com toda a sua inteligência represada e sempre pronto para
compartilhar sua sapiência, complementou: “Não vi o show de Paul
McCartney e gostei”. Gostou por causa do respeito que teve para com o
paulista, o pernambucano, o mineiro, o norte-riograndense, o gaúcho e
por aí vai...
Roberto
não viu Paul como eu o vi: pertinho, da pista prime, nítido, soberbo,
dono da situação, alegre, brincalhão, jovem (apesar de seus 69 anos),
eletrizante. Mas gostou do show porque o cantor e compositor sabe dar um
boa noite: “Boa noite Pernanbuco; boa noite Recife”. Isso mesmo, um boa
noite em português, para inglês ver.
Bom,
finalizando, agora posso dizer que fui a um show de Paul McCartney (na
verdade fui a três!), porque o vi com esses olhos que a terra há de se
fartar um dia. Sábado, dia 21 de abril de 2012, um dos dias mais
emocionantes da minha vida...
Paul, um “sir” arretado. Um ser extraordinário, um “cabra da peste”. Um lendário cavalheiro das terras dos Rei Arthur...
Por EMERSON LINHARES (@elinhares37) Radialista, Jornalista e Beatlemaniaco de carteirinha.
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