Raul Pereira GERALDINHO FABRICA carros com os pés: habilidade vem desde a infância, quando começou a fazer o trabalho delicado e poético | Arte com os pés Pentear o cabelo, vestir-se e fazer coisas mais complexas como, por exemplo, andar de bicicleta não é difícil para Geraldo Francisco, mesmo sem braços |
Mário Gerson
Da Redação
Da Redação
A rua onde Geraldo Francisco Pereira, 40 anos, reside é calma. No fundo do quintal, debaixo de um alpendre, fica o ateliê do artista que, pacientemente e com a mesma habilidade de quem usa as mãos, fabrica seus carros com os pés. São modelos variados, de todos os tipos. Ele mesmo confessa, depois de abrir a porta da casa com os pés, para a reportagem entrar: "Já fiz carrinhos de todos os tipos, caminhonetes, ônibus, caminhão, trator, jipe, rural. Tudo isso já fiz e não acho difícil", diz, enquanto prepara mais um de seus carros, desta vez um caminhão, encomenda que foi aceita. "É para uma criança. Eles gostam dos meus carros e me sinto feliz por ter meu trabalho reconhecido em toda cidade", fala.
Os carros são preparados com cuidado. É tanta a delicadeza que Geraldinho - como é mais conhecido na cidade - chega a passar horas nos detalhes. "É que o pincel anda ruim, por isso não estou gostando muito desse detalhe do lado do caminhão", comenta.
Sempre sentado sobre um banquinho, ele manuseia os pincéis com os próprios pés. É com eles, também, que corta a madeira cedida por um empresário local, prepara as peças, confecciona as rodas, aperta o que for necessário, fixa os pregos na madeira, enfim, produz sua obra de arte. "Levo, mais ou menos, um dia para deixar um caminhão desse porte pronto e ele sai por R$ 50,00", frisa Geraldinho. É um trabalho que exige, acima de tudo, muita atenção. E não é fácil produzi-los. "Não vou dizer que é fácil, exige tempo. Há carros que demoro um dia pra fazer", fala.
Sua obra é reconhecida na cidade. "Quando chego em algum lugar com meus carrinhos é muito difícil não vender alguma coisa", diz. Mas Geraldinho é modesto. Prefere a produção em seu ateliê que o burburinho da cidade e das exposições. No silêncio do seu alpendre, chega a receber muitas encomendas, mas nada de grandioso: são carrinhos para crianças do bairro. "São pessoas simples que me encomendam e querem dar um carro desse tipo ao filho ou a algum menino conhecido", diz, frisando que nunca recebeu grandes encomendas nem participou de exposições. "Aqui faço mesmo para vender na calçada ou quando as pessoas encomendam. Não dá tempo para levar os carrinhos a uma exposição. Também nunca pensei nisso", fala.
Os carros são preparados com cuidado. É tanta a delicadeza que Geraldinho - como é mais conhecido na cidade - chega a passar horas nos detalhes. "É que o pincel anda ruim, por isso não estou gostando muito desse detalhe do lado do caminhão", comenta.
Sempre sentado sobre um banquinho, ele manuseia os pincéis com os próprios pés. É com eles, também, que corta a madeira cedida por um empresário local, prepara as peças, confecciona as rodas, aperta o que for necessário, fixa os pregos na madeira, enfim, produz sua obra de arte. "Levo, mais ou menos, um dia para deixar um caminhão desse porte pronto e ele sai por R$ 50,00", frisa Geraldinho. É um trabalho que exige, acima de tudo, muita atenção. E não é fácil produzi-los. "Não vou dizer que é fácil, exige tempo. Há carros que demoro um dia pra fazer", fala.
Sua obra é reconhecida na cidade. "Quando chego em algum lugar com meus carrinhos é muito difícil não vender alguma coisa", diz. Mas Geraldinho é modesto. Prefere a produção em seu ateliê que o burburinho da cidade e das exposições. No silêncio do seu alpendre, chega a receber muitas encomendas, mas nada de grandioso: são carrinhos para crianças do bairro. "São pessoas simples que me encomendam e querem dar um carro desse tipo ao filho ou a algum menino conhecido", diz, frisando que nunca recebeu grandes encomendas nem participou de exposições. "Aqui faço mesmo para vender na calçada ou quando as pessoas encomendam. Não dá tempo para levar os carrinhos a uma exposição. Também nunca pensei nisso", fala.
UM HOMEM E SEUS DESAFIOS - Aprendendo desde cedo a "se virar", Geraldinho comenta que ainda muito novo fazia coisas impensáveis para as suas condições, como, por exemplo, montar em burros no sertão da Paraíba, onde morava com a família. "Meu primeiro carro foi uma caminhonete, que um primo me deu. Estava faltando algumas coisas, então resolvi consertá-la e acho que me saí bem. No interior, sempre fui um menino que não via dificuldades nas coisas. Pelo contrário, subia em burros, colocava cabrestos em outros. Sempre fui assim", comenta, dizendo não ter encontrado "carro difícil para fazer". "Ora, até avião eu já fiz, ultraleve, entre outros. Não vejo dificuldades!", fala.
Por mês, Geraldinho produz cerca de dez carrinhos (os tamanhos e os preços variam, de acordo com os pedidos dos clientes). A produção não chega a ser em quantidade. Mal dá para atender à demanda. Mas nem por isso ele deixa de fazer outros serviços, para garantir um extra, como, por exemplo, enrolar cadeiras de fitilhos, fazer criados-mudos para quarto e fogão a carvão. "Faço de tudo um pouco. Este é um dom que Deus me deu e que tenho que aproveitar, afinal com ele também ganho um dinheiro extra".
O artista já é aposentado. Na casa, reside com a esposa e dois filhos e recebe os clientes que vêm de toda cidade para comprar seus carros. "Acho que isso é uma valorização. Pelo menos, me sinto valorizado", diz, enquanto relata outras façanhas, como jogar sinuca. "Não gosto de jogo. Mas no caso da sinuca, é apenas para a demonstração. As pessoas gostam de ver", comenta, sorrindo. "Antigamente, quando existiam as latas de óleo feitas de metal, ia para o Centro produzir meus carrinhos lá. Cortava as latas e mostrava todo o processo. Antes de terminar o carro, ele já estava vendido. Hoje, a maioria das latas é de plástico e esse material está em falta. Por isso, hoje escolhi o compensado e pedaços de madeira, que são doados por um amigo", diz.
Geraldinho é simpático e não se intimida para recomendar à reportagem: "Quem quiser adquirir os carros, pode entrar em contato comigo, através do telefone (84) 9427-9003", fala, reconhecendo que é um bom vendedor. Além disso, as pessoas podem ajudar o artista de outra forma, doando materiais de trabalho como pincéis, tintas e solventes. Podem deixar no endereço: Rua Antônio Miguel da Silva Neto, 26, Aeroporto I.
Por mês, Geraldinho produz cerca de dez carrinhos (os tamanhos e os preços variam, de acordo com os pedidos dos clientes). A produção não chega a ser em quantidade. Mal dá para atender à demanda. Mas nem por isso ele deixa de fazer outros serviços, para garantir um extra, como, por exemplo, enrolar cadeiras de fitilhos, fazer criados-mudos para quarto e fogão a carvão. "Faço de tudo um pouco. Este é um dom que Deus me deu e que tenho que aproveitar, afinal com ele também ganho um dinheiro extra".
O artista já é aposentado. Na casa, reside com a esposa e dois filhos e recebe os clientes que vêm de toda cidade para comprar seus carros. "Acho que isso é uma valorização. Pelo menos, me sinto valorizado", diz, enquanto relata outras façanhas, como jogar sinuca. "Não gosto de jogo. Mas no caso da sinuca, é apenas para a demonstração. As pessoas gostam de ver", comenta, sorrindo. "Antigamente, quando existiam as latas de óleo feitas de metal, ia para o Centro produzir meus carrinhos lá. Cortava as latas e mostrava todo o processo. Antes de terminar o carro, ele já estava vendido. Hoje, a maioria das latas é de plástico e esse material está em falta. Por isso, hoje escolhi o compensado e pedaços de madeira, que são doados por um amigo", diz.
Geraldinho é simpático e não se intimida para recomendar à reportagem: "Quem quiser adquirir os carros, pode entrar em contato comigo, através do telefone (84) 9427-9003", fala, reconhecendo que é um bom vendedor. Além disso, as pessoas podem ajudar o artista de outra forma, doando materiais de trabalho como pincéis, tintas e solventes. Podem deixar no endereço: Rua Antônio Miguel da Silva Neto, 26, Aeroporto I.
Extraído do caderno expressão http://www.gazetadooeste.com.br
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