Um breve relato sobre a música em Mossoró.

Em 1980 havia muitos grupos musicais em Mossoró, quatro grupos se destacavam: Bárbaros, Brasa 5, Elo Musical e Andersom Musical. Esse último era muito criticado pelos jovens adolescentes da época, isso porque tocava mais de meia hora de forró e na boca deles, forró era coisa de velho. Outras bandas de fora faziam sucesso em Mossoró, eram elas: Circuito Musical e Tártaros do Seridó, Gota D’água e Alcano de Recife, Impacto 5, Grafith, Impossíveis e Terríveis de Natal e Alta Tensão de Fortaleza. Essas bandas eram as prediletas dos jovens adolescentes de Mossoró por não tocarem forró. No mês de junho o forró criava vida, e até que os jovens adolescentes curtiam as quadrilhas, mas só isso. O que as bandas daqui tocavam? Tocavam os lançamentos dos artistas nacionais e internacionais, as festas não eram um estilo só, eram vários. Geralmente começavam com músicas dançantes, dances ou pop rocks, sambas, lá para as tantas se tocava a música romântica, onde os casais dançavam agarradinhos, bem coladinhos, um sentia o coração do outro, depois uns 15 minutos de forró, o que fazia os jovens adolescentes se dissiparem do salão, muitos se aborreciam, mas a banda tinha que tocar o forró para agradar os trintões e quarentões presentes, mas como a maioria eram os jovens, eles não perdoavam e disparavam duras críticas a aquela banda q tocasse meia hora de forró. Gritavam até para os músicos: “Ei, não estamos no S. João”.

Em meados dos anos 80 surgiu por aqui o axé de Luís Caldas, Chiclete, Banda Mel, Cheiro de Amor e Reflexus, e esse estilo foi inserido nos repertórios, seria assim, mais uma opção para o público. No final dos anos 80 apareceu Beto Barbosa com suas lambadas, e mais um estilo inserido. Até ai tudo bem. Mais foi em 1993, quando cheguei em Mossoró, que ouvi um zum zum zum sobre um tal de Mastruz com Leite, perguntando do que se tratava, me responderam; é uma banda de forró de Fortaleza. Até então, nunca tinha ouvido falar. Nesse mesmo ano surgiram os derivados desse estilo, que denominaram forró, e que até o dado momento reina nas paradas, e que deixaram os jovens adolescentes sem opções rítmicas. Vejam como o mundo dá voltas, o que era música de velho, dita pela própria boca dos jovens adolescentes, passou a ser hoje seus hits preferidos. Não generalizando, pois no Conservatório vejo jovens adolescentes, com outra mentalidade, com repulsão ao “forró”. Na realidade o Forró é lindo, mas não o forró.

Pois é, tocar forró nos anos 80 em um mês que não fosse junho é o mesmo que hoje em uma festa, a banda tocar: “Então é natal, e o que você fez, o ano termina.....” ou “Esse ano, quero paz no meu coração, quem quiser ter um amigo.....” . com certeza todos os jovens adolescentes de hoje ficaram meios constrangidos.Pagode e sertanejo não fazia parte dos jovens adolescentes.

Havia uma banda de Natal chamada João de Orestes, eles tocavam samba, aqui em Mossoró, as pessoas de 40 anos pra cima achavam o máximo no estilo samba. Mas os jovens não queria saber de samba nem de forró.

Vivi Tecladista.

Texto extraído da comunidade Mossoró do Orkut